sábado, 13 de junho de 2020

Motivação

Antes de começar o texto, gostaria de explicar que ele não se trata de fornecer uma motivação específica para um indivíduo. Esse texto se trata do encontro da motivação em um determinado momento da vida, especialmente no momento atual em que estamos com esse isolamento social devido a Pandemia Covid-19. Cito exemplos bíblicos, porém, independentemente de religiões ou crenças, todos nós precisamos ter ciência de que essas motivações existem e de onde elas se encontram, sejam elas quais forem. 



O que você faria se: 
Te dissessem que só você tem o poder de tornar o dia de alguém melhor?
Te dissessem que só você tem o poder de ajudar alguém que passa fome?
Te dissessem que só você tem o poder de salvar uma vida?
Te dissessem que só você tem o poder de transformar o mundo num lugar melhor?

Parecem decisões fáceis de tomar, especialmente quando elas dependem exclusivamente de você

Agora faço as mesmas perguntas novamente, acrescentando um pequeno porém: 

Se te dissessem que só você tem o poder de tornar o dia de alguém melhor, mesmo que você tenha tido o pior dia de sua vida, o que você faria?
Se te dissessem que só você tem o poder de ajudar alguém que passa fome, mesmo que esse alguém tenha magoado você profundamente, o que você faria?
Se te dissessem que só você tem o poder de salvar uma vida, mesmo que no momento você tenha vontade de cometer suicídio, o que você faria?
Se te dissessem que só você tem o poder de transformar o mundo num lugar melhor, mesmo que o mundo tenha te transformado na pior das pessoas, o que você faria?

Parecem decisões difíceis de tomar, especialmente quando não há motivação. Mas isso não muda o fato de que a mesma pergunta deveria ter a mesma resposta. 

O que é certo continua sendo certo e temos que fazê-lo mesmo quando não encontramos uma motivação inicial. Essas perguntas são um pequeno exemplo de que muitas das vezes as circunstâncias não são capazes de alterar os resultados finais, se apenas tomarmos uma atitude. Os  culpados por alterarem muitos desses resultados somos nós, apenas nós. 

Vou citar alguns exemplos bíblicos de pessoas que aparentemente não possuíam motivação inicial para fazer aquilo que era correto. Paulo é um exemplo de que as motivações podem ser encontradas durante a caminhada, e Jó, um exemplo de que as motivações podem ser encontradas no final de uma caminhada. 

PAULO 
Paulo, denominado anteriormente por Saulo, foi um dos maiores perseguidores dos discípulos do Senhor (Atos 8:3), até que o Senhor resolveu ter um encontro com ele, como relatado em Atos 9. Após sua conversão, Paulo poderia não ter motivações para proclamar a mensagem do evangelho, pois os discípulos anteriormente perseguidos poderiam não dar créditos às suas pregações (Atos 9:21) e ele seria alvo de perseguição dos judeus, podendo até ser morto (Atos 9:23).

Mesmo assim ele encontrou fortes motivações durante a sua caminhada, como por exemplo seu amigo Barnabé, enviado por Deus, que testemunhava a respeito de sua conversão (Atos 9:27) e o acompanhou durante muitos anos. Ele também foi separado formalmente perante à igreja para a obra do Senhor (Atos 13:2), levando muitos à conversão; passou por diversas igrejas pregando sua mensagem, mantendo contato com elas através de suas cartas e foi instrumento do Senhor para cura de muitos, como no caso do paralítico de nascença mencionado em Atos 14:8. 

Homem fiel ao Senhor, possuía dez filhos e era o homem mais rico do oriente (Jó 1:2). Diante do testemunho dado pelo Senhor da fidelidade de Jó, Satanás sugere que a integridade de Jó se devia ao fato dele ser tão abençoado pelo Senhor (Jó 9:10). Desta forma, o Senhor permite que Satanás toque em tudo que Jó possuía, exceto sua própria vida (Jó 9:12).  Ele perdeu todas as suas riquezas, seus filhos, foi acometido por uma terrível enfermidade, foi incompreendido por sua própria esposa e injustiçado por seus amigos. Apesar de todas essas coisas Jó continuou fiel ao Senhor

Quando falamos de fé, não podemos pensar em uma fé cega. Toda nossa fé é baseada parte por aquilo que não vemos (irracional), parte por aquilo que vemos (racional) e a maior prova disto é a própria bíblia (tratarei mais detalhadamente sobre isso na postagem sobre Fé Cega). 

Jó poderia ter abandonado um Deus que aparentemente sem motivos algum tirou tudo dele, uma vez que Jó não perdeu tudo o que tinha como consequência de algum pecado. Ainda sim, mesmo sem entender o motivo pelo qual essas coisas aconteceram, ele continuou firme em sua fé. Essa racionalidade humana entra em conflito com a racionalidade espiritual, pois por um lado Jó poderia pensar que não fazia sentido Deus ter feito algo assim e isso bateria de frente com tudo que ele havia aprendido sobre Deus até o momento. Por outro lado, tudo aquilo que ele aprendeu sobre Deus deveria servir de motivação para que ele continuasse acreditando apesar dos infortúnios que o acometeram. 

A parte irracional de sua fé deu motivação para Jó para continuar acreditando mesmo sem entender, pois crendo em Deus e em suas promessas, Jó sabia que Deus poderia tornar o amanhã melhor. Sua motivação de fazer a coisa certa (permanecer fiel), estava no final de sua caminhada, mesmo que ele não pudesse enxergar isso. Como resultado, depois de tudo isso, Deus abençoou o final da vida de Jó muito mais do que o início (Jó 42:12).  Fez com que os amigos de Jó fossem até ele pedir uma oração para que não sofressem as consequências de suas ações, lhe deu muito mais riquezas, lhe deu dez filhos e permitiu que ele vivesse mais 140 anos, vendo até a quarta geração de seus descendentes. 

MESMO MOTIVADO, DURANTE A CAMINHADA, POSSO SER DESMOTIVADO NOVAMENTE? 
Você já deve ter feito essa pergunta a si mesmo, e a resposta é: Sem dúvidas! José é um bom exemplo disso. 

JOSÉ
José era filho preferido de Jacó, por ser seu filho na velhice, tanto que seu pai o presenteou com uma túnica longa, o que causou ódio aos irmãos (Gênesis 37:3-4). Motivados pelo ciúmes, seus irmãos o venderam aos ismaelitas, que o levaram para o Egito (Gênesis 37:27) e o venderam a Potifar, oficial do faraó e capitão da guarda. 

Em Gênesis 39 é relatado que José começou a prosperar graças ao Senhor, sendo promovido a supervisor da casa de Potifar. Ele sofreu perseguições da mulher de Potifar que o desejava, e mesmo fugindo dela em todas as situações, acabou sendo preso pelas mentiras desta mulher. Estando na prisão, o Senhor o tratou com bondade e o carcereiro encarregou José de todos os que estavam na prisão. Em Gênesis 41 é relatado que José interpreta os sonhos do faraó, e é nomeado comandante de toda a terra do Egito aos 30 anos de idade.   

José sofreu muitas injustiças o que certamente poderia ter feito com que ele não tivesse motivações para seguir em frente. Ele poderia ter se conformado com a situação e ter permanecido como um mero escravo ou poderia ter morrido na prisão. Apesar disso, mesmo quando tudo parecia estar dando errado, ele constantemente dava o seu melhor apesar das circunstâncias, permanecendo um servo fiel a Deus, e a bíblia relata que "O Senhor concedia bom êxito em tudo o que José realizava" (Gênesis 39:23). Quando algo dava errado na vida de José, isso o levava a um lugar onde ele prosperaria mais do que antes. Isso nos mostra que ao longo da nossa caminhada as coisas podem não sair como esperávamos, mas precisamos continuar dando nosso melhor até encontrar uma nova motivação no meio do caminho.

As pessoas costumam exemplificar que quando alcançamos algo chegamos no patamar de uma escada e que quando perdemos algo, caímos degraus abaixo dessa escada. Porém, a história de José nos ensina que muitas das vezes circunstâncias ruins não significam descer degraus, retroceder, mas sim avançar, subir um degrau, rumo a um novo patamar desconhecido. 


Lembre-se: A motivação nem sempre vai estar no começo da sua caminhada, ela pode ser encontrada no meio ou no final dela. É preciso olhar para o amanhã com esperanças e entender que ele poderá ser melhor do que hoje.

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